Relatório Especial
13 2018

Combate à radicalização que leva ao terrorismo: a Comissão deu resposta às necessidades dos Estados Membros, mas com algumas falhas de coordenação e avaliação

Acerca do relatório A radicalização é o fenómeno que consiste na adesão de pessoas a ideias que as podem levar à prática de atos terroristas. A Comissão apoia os Estados-Membros nos esforços de combate à radicalização, por exemplo através da partilha de boas práticas, recorrendo para o efeito a um vasto conjunto de fundos da UE. O Tribunal analisou se a Comissão geriu bem o seu apoio, tendo constatado que esta deu resposta às necessidades dos Estados-Membros e fomentou a cooperação através de iniciativas de relevância como a Rede de Sensibilização para a Radicalização. No entanto, existiram algumas falhas por parte da Comissão a nível da coordenação global das ações de combate à radicalização e do quadro de avaliação da eficácia do seu apoio. Assim, o Tribunal formula várias recomendações para melhorar a coordenação da Comissão, de forma a que esta possa tirar o máximo partido das potenciais sinergias, e para melhorar o quadro de avaliação dos resultados.

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Síntese

I

Os Estados-Membros da UE são responsáveis pela sua própria segurança nacional, incluindo a luta contra o terrorismo, estando encarregados de conceber e executar medidas a nível nacional com vista a combater a radicalização, ou seja, o fenómeno que consiste na adesão de pessoas a ideologias e comportamentos extremistas que as podem levar à prática de atos terroristas. Uma vez que a radicalização é causada por diversos fatores, é normalmente lançado um conjunto alargado de ações preventivas para abordar o problema. O papel da Comissão consiste em apoiar os esforços dos Estados-Membros e ajudar a assegurar a partilha de boas práticas, recorrendo para o efeito a um conjunto cada vez mais vasto de fundos da UE.

II

A auditoria do Tribunal analisou se a Comissão gere bem este apoio transversal. Em especial, o Tribunal avaliou se:

  1. a Comissão oferece apoio pertinente aos Estados-Membros;
  2. as ações financiadas pelos diferentes fundos da UE são coordenadas de forma a maximizar as eventuais sinergias;
  3. a Comissão criou um quadro de avaliação da eficácia e relação custo-benefício do seu apoio.
III

Em termos gerais, o Tribunal constatou que a Comissão deu resposta às necessidades dos Estados-Membros mas que existiram algumas falhas a nível da coordenação e avaliação.

IV

A Comissão fomentou a cooperação entre os Estados-Membros através de iniciativas de relevância como a Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR), o Fórum Internet da UE e a Rede Europeia de Comunicações Estratégicas.

V

A Comissão coordenou o seu apoio transversal através, por exemplo, de consultas entre as direções-gerais quando da aprovação dos programas de trabalho. Esta articulação deu origem a sinergias entre as ações mas, apesar das melhorias recentes, ainda há margem para reforçar a coordenação entre elas. A título ilustrativo, a visão global da Comissão sobre as ações financiadas pela UE neste domínio não inclui aquelas geridas pelos Estados-Membros, o que seria útil para tirar o máximo partido das potenciais sinergias. O Tribunal constatou igualmente que a RSR, uma das principais iniciativas da Comissão, não foi utilizada em todo o seu potencial para divulgar os resultados dos projetos bem-sucedidos financiados pela UE.

VI

A Comissão não desenvolveu suficientemente o quadro de avaliação do seu apoio em termos de eficácia e relação custo-benefício. A título exemplificativo, não dividiu os objetivos estratégicos gerais em objetivos mais específicos e mensuráveis, e os fundos utilizados pela Comissão não são acompanhados de indicadores e metas concebidos para medir o grau de sucesso no combate à radicalização.

VII

Além disso, as concretizações de ações específicas são frequentemente medidas em termos de volume de atividade e não de eficácia. Em consequência, existe o risco de que os ensinamentos úteis não sejam divulgados nem tidos em conta quando a Comissão conceber ações ou continuar a desenvolver as suas políticas.

VIII

Com base nestas observações, o Tribunal recomenda que a Comissão:

  1. melhore o quadro de coordenação global das ações de combate à radicalização;
  2. aumente o apoio prático aos profissionais e decisores políticos nos Estados-Membros;
  3. melhore o quadro de avaliação dos resultados.

Introdução

A UE apoia os Estados-Membros nos seus esforços de combate ao terrorismo

01

Os Estados-Membros são responsáveis pela sua própria segurança nacional1, tendo desenvolvido diferentes abordagens à luta contra o terrorismo, de acordo com a sua avaliação dos riscos. O papel da UE consiste em envidar esforços para garantir um elevado nível de segurança2, facilitando o intercâmbio de informações, a cooperação operacional e a partilha de conhecimentos e experiências. Em 2005, o Conselho aprovou uma estratégia de luta antiterrorista a nível da UE, organizada em torno de quatro pilares3:

  1. Prevenção: combater as causas da radicalização e do recrutamento para o terrorismo.
  2. Proteção: proteger os cidadãos e as infraestruturas através da melhoria da segurança das fronteiras, dos transportes e das infraestruturas essenciais.
  3. Perseguição: perseguir e investigar os terroristas, impedindo o planeamento, as deslocações e as comunicações, desmantelando as redes de apoio, pondo termo ao financiamento e ao acesso a material utilizável em atentados e entregando os terroristas à justiça.
  4. Resposta: gerir e minimizar as consequências dos atentados terroristas.
02

A Agenda Europeia para a Segurança, de 20154, definiu a forma como a UE poderá apoiar os Estados-Membros no combate ao terrorismo. Esta agenda centrava-se na prevenção da radicalização e na ameaça representada pelos combatentes terroristas no estrangeiro (isto é, por aqueles que regressam à Europa depois de se terem juntado a grupos terroristas em zonas de conflito), salientando a necessidade de proteger melhor os cidadãos e as infraestruturas essenciais e de lutar contra o terrorismo no exterior da UE. A agenda sublinhava a importância de penalizar os terroristas e os seus apoiantes e de cortar o seu acesso ao financiamento, a armas de fogo e a explosivos, bem como a necessidade de uma melhor partilha de informações para identificar as pessoas envolvidas em atividades terroristas.

03

O combate ao terrorismo envolve várias instituições e organismos da UE. A Comissão contribui, através das suas comunicações, para a estratégia da UE, aprovada pelo Conselho sob a forma de conclusões do Conselho. Além disso, inicia atos legislativos em matéria de combate ao terrorismo, para negociação e aprovação pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho5, e é responsável pela boa gestão financeira dos fundos da UE, pela coordenação das suas várias direções-gerais e pelo acompanhamento das suas agências na prestação de apoio aos Estados-Membros. O Comissário responsável pela União da Segurança trabalha sob a orientação do Primeiro Vice-Presidente e apoia os trabalhos do Comissário para a Migração, Assuntos Internos e Cidadania destinados a pôr em prática as medidas de segurança tomadas pela Comissão em resposta ao terrorismo. O papel do coordenador do Conselho para a luta antiterrorista consiste em acompanhar a execução global da estratégia antiterrorista da UE e assegurar que esta tem um papel ativo na luta contra o terrorismo.

A Comissão recorre a uma vasta gama de ações destinadas a ajudar os Estados-Membros a combater a radicalização

04

O combate à radicalização é um elemento fundamental da luta contra o terrorismo. A maioria dos suspeitos implicados nos recentes ataques terroristas na Europa eram cidadãos europeus que foram radicalizados6. Nas suas comunicações de apoio aos Estados-Membros no combate à radicalização que leva ao terrorismo7, a Comissão considera que a radicalização é normalmente o resultado de uma conjugação de fatores. A mais recente comunicação da Comissão descreve uma teia de fatores sociais que “empurram” (por exemplo, a exclusão e a marginalização) e de fatores ideológicos que “puxam” (por exemplo, a subversão de discursos religiosos por recrutadores para justificar atos de violência).

05

A Comissão considera que o apoio aos Estados-Membros nessa luta constitui um desafio complexo e multifacetado, que só pode ser superado através de uma combinação de ações em vários domínios estratégicos e da reunião das partes interessadas a nível local, regional, nacional e europeu8. Estas ações são financiadas por vários fundos, tais como o Fundo para a Segurança Interna, o programa Horizonte 2020, o programa Justiça, o Erasmus+ e o Fundo Social Europeu (FSE), nenhum dos quais inclui o objetivo específico de combater a radicalização. As diversas ações da Comissão são geridas por oito das suas direções-gerais, a Europol, a Eurojust e os Estados-Membros (ver o anexo). A abordagem da Comissão para apoiar os Estados-Membros no combate à radicalização é ilustrada pela figura 1.

Figura 1

De que forma a Comissão apoia os Estados-Membros no combate à radicalização

Fonte: TCE.

06

O programa Horizonte 2020 atribui subsídios de investigação para o desenvolvimento dos conhecimentos sobre a radicalização, abrangendo tópicos como, por exemplo, as tendências da radicalização contemporânea e o desenvolvimento de uma abordagem global à radicalização violenta. A partilha de boas práticas ocorre através de iniciativas como a Rede de Sensibilização para a Radicalização, ou RSR (ver a caixa 1).

Caixa 1

Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR)

A RSR, instituída em 2011, faz a ligação entre profissionais de toda a Europa, tais como psicólogos, professores, assistentes sociais, guardas prisionais e agentes de polícia e de vigilância, que trabalham diretamente com as pessoas vulneráveis à radicalização e com as que já foram radicalizadas. O seu objetivo é ajudar e capacitar os profissionais de primeira linha (em lugar dos decisores políticos e do mundo académico) no combate à radicalização ou na reintegração dos extremistas violentos, através:

  • da promoção da partilha de experiências, por exemplo em reuniões e conferências;
  • do incentivo à utilização de instrumentos práticos relevantes;
  • da divulgação de informações e conhecimentos especializados.

O Centro de Excelência da RSR presta apoio e coordenação a esta rede, recorrendo aos seus conhecimentos especializados para orientar os nove grupos de trabalho da RSR (grupos temáticos em que os profissionais se reúnem para trocar ideias, conhecimentos e experiências), prestar apoio específico (por exemplo, sessões práticas e cursos de formação) por país e difundir conhecimentos e práticas. Este centro é gerido por uma empresa contratada para o efeito e financiado por um contrato enquadrado no “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” com o montante total de 25 milhões de euros para o período de 2015-2019.

07

O combate à propaganda terrorista online é feito, por exemplo, através da Unidade de Sinalização de Conteúdos na Internet da União Europeia (IRU da UE), sediada na Europol, do Fórum Internet da UE e da Rede Europeia de Comunicações Estratégicas (ver a caixa 2).

Caixa 2

Combate à propaganda terrorista

Unidade de Sinalização de Conteúdos na Internet da UE (IRU da UE)

A IRU da UE foi criada em 1 de julho de 2015 e está sediada no Centro Europeu de Luta contra o Terrorismo, na Europol, dispondo de um orçamento de 4,5 milhões de euros para 2017.

Esta unidade visa combater a radicalização e o recrutamento online por parte de terroristas através da sinalização de conteúdos terroristas na Internet e de alertas aos fornecedores de serviços que os hospedam, por exemplo o YouTube (Google), a Microsoft, o Facebook e o Twitter, mediante uma avaliação que lhes permite decidir se pretendem retirar esses conteúdos. Em articulação com os Estados-Membros, a IRU da UE centra-se na propaganda do terrorismo islâmico, um fenómeno que extravasa fronteiras.

A unidade disponibiliza também conhecimentos especializados sobre comunicações baseadas na Internet para apoiar as investigações dos Estados-Membros, bem como análises estratégicas a fim de identificar ameaças terroristas.

Fórum Internet da UE

Em dezembro de 2015, a Comissão lançou o Fórum Internet da UE, financiado pelo “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”. Através de reuniões e de conferências, este fórum reúne governos, a Europol, empresas de Internet, o coordenador da luta antiterrorista, a Rede Europeia de Comunicações Estratégicas e a RSR, com duas finalidades:

  • reduzir o acesso a conteúdos terroristas online;
  • habilitar os parceiros da sociedade civil a aumentar o volume de discursos alternativos eficazes na Internet.

Rede Europeia de Comunicações Estratégicas

A Rede Europeia de Comunicações Estratégicas permite aos peritos dos Estados-Membros partilhar boas práticas em matéria de comunicações estratégicas. A sua equipa consultiva disponibiliza aos governos aconselhamento sobre a elaboração de uma estratégia de comunicação e de campanhas de discursos alternativos9. As atividades desta rede entre janeiro de 2015 e setembro de 2017 foram financiadas por subvenções do “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” no montante de 2,2 milhões de euros.

08

A promoção de sociedades inclusivas e resilientes é feita através de projetos financiados pelo “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”, de que é exemplo o STRESAVIORA (ver a caixa 3). Outros projetos, financiados pelo Erasmus+ e pelo FSE, visam igualmente reforçar a resiliência e chegar às comunidades mais desfavorecidas. Embora os objetivos destes últimos sejam muito mais vastos e não sejam especificamente concebidos para combater a radicalização, contribuem indiretamente para a evitar.

Caixa 3

STRESAVIORA

O STRESAVIORA I contou com a participação de investigadores que identificaram a necessidade de os jovens se tornarem mais resilientes, exprimirem opiniões próprias, participarem no debate e fazerem ouvir as suas vozes. O projeto incluiu as pessoas do seu contexto social direto (por exemplo, pais, professores e agentes policiais), cuja sensibilização era necessário aumentar.

O STRESAVIORA II destina-se a colocar em prática os instrumentos de aumento da resiliência desenvolvidos durante a primeira fase do projeto em duas cidades em cada um de cinco países da UE (Bélgica, França, Alemanha, Países Baixos e Suécia). O projeto abrange todos os tipos de radicalização (não apenas a islamista), e, como tal, poderia ser alargado a outras zonas da Europa com diferentes necessidades. Beneficia de financiamento de 0,7 milhões de euros provenientes do “Fundo para a Segurança Interna — Polícia”.

09

A Comissão ajuda os Estados-Membros a identificar e interagir com pessoas radicalizadas, facilitando o intercâmbio de informações entre as autoridades policiais dos Estados-Membros (por exemplo, através do Sistema de Informação de Schengen). Além disso, apoia o desenvolvimento de estratégias de saída para ajudar as pessoas a afastarem-se de ambientes radicalizados e reintegrarem-se na sociedade, mediante projetos de reabilitação e desradicalização financiados pelo programa Justiça.

10

A radicalização em países fora da Europa é abordada por medidas de combate ao terrorismo específicas e pela integração noutras medidas. Esta abordagem inclui programas financiados pelos Fundos Europeus de Desenvolvimento, Erasmus+, Instrumento Europeu de Vizinhança e Instrumento para a Estabilidade e a Paz.

Âmbito e método da auditoria

Âmbito da auditoria

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O Tribunal examinou se a Comissão geriu de forma adequada o seu apoio aos Estados-Membros no combate à radicalização que leva ao terrorismo, com a finalidade de responder às seguintes questões:

  1. a Comissão oferece apoio pertinente aos Estados-Membros?
    Para responder a esta pergunta, o TCE avaliou se as ações e os objetivos da política da Comissão foram concebidos de modo a refletir as necessidades dos Estados-Membros.
  2. as ações financiadas pelos diferentes fundos da UE são coordenadas de forma a maximizar as eventuais sinergias?
    Para responder a esta pergunta, o TCE verificou se a Comissão tinha os procedimentos necessários para coordenar o seu apoio.
  3. a Comissão criou um quadro de avaliação da eficácia e relação custo-benefício do seu apoio?
    Para responder a esta pergunta, o TCE aferiu se a Comissão tinha posto em prática o necessário quadro de indicadores e relatórios para a avaliação da eficácia e relação custo-benefício da sua política. Foi igualmente examinado se as avaliações das diferentes ações mediam não apenas a atividade, mas também a eficácia.
12

A atenção do Tribunal recaiu principalmente sobre o período a partir de 2014, de forma a coincidir com o início dos períodos de financiamento de 2014-2020 dos fundos e programas da Comissão.

13

Os trabalhos incidiram sobretudo na gestão das ações no seio da UE cuja principal finalidade era prevenir e combater a radicalização, mas tiveram também em conta ações com objetivos mais vastos, tais como a inclusão social de grupos desfavorecidos. O Tribunal não examinou os sistemas de informação (por exemplo, o Sistema de Informação de Schengen) para o intercâmbio de informações entre os Estados-Membros sobre os dados de indivíduos radicalizados.

Método da auditoria

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Os trabalhos de auditoria no terreno realizaram-se entre novembro de 2016 e março de 2017. O Tribunal baseou as suas observações nas fontes seguintes:

  1. análise da documentação sobre políticas, ações e procedimentos relativos ao apoio aos Estados-Membros no combate à radicalização;
  2. entrevistas com as direções-gerais da Comissão que gerem fundos e instrumentos da UE para o combate à radicalização, o Centro de Excelência da RSR, a IRU da UE, na Europol, e o Centro Internacional de Luta contra o Terrorismo (uma organização que promove a partilha de conhecimento e de ideias em matéria de luta contra o terrorismo);
  3. um inquérito enviado aos pontos focais do combate ao terrorismo nas 28 representações permanentes dos Estados-Membros junto da União Europeia. Destes, 15 responderam ao inquérito, o que representa uma taxa de resposta de 54%. O inquérito consistiu em perguntas sobre a relevância, o valor acrescentado e os desafios do apoio dado aos Estados-Membros;
  4. visitas a autoridades nacionais na Bélgica e em França para avaliar a relevância e o valor acrescentado do apoio recebido.

Observações

O apoio é relevante e bem concebido

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O Tribunal examinou o quadro estratégico da Comissão a fim de apreciar se dava resposta às necessidades dos Estados-Membros e a existência de eventuais lacunas. Foi também examinado se as ações foram concebidas de modo a trazer benefícios aos Estados-Membros por agirem a nível europeu.

Com poucas exceções, a Comissão deu resposta às necessidades dos Estados-Membros

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Os decisores políticos dos Estados-Membros podem informar a Comissão sobre os domínios em que necessitam de apoio no combate à radicalização. Esta comunicação é feita através de diversas reuniões, redes e documentos (por exemplo, o grupo de trabalho do Conselho sobre o terrorismo, a rede de decisores políticos responsáveis pela prevenção do terrorismo lançada em fevereiro de 2017 e as conclusões do Conselho) ou como parte da aprovação dos programas de trabalho relativos aos fundos da UE. O TCE verificou que a elaboração do quadro estratégico de combate à radicalização por parte da Comissão teve em conta as necessidades expressas pelos decisores políticos dos Estados-Membros (ver a caixa 4).

Caixa 4

Exemplos de casos em que a Comissão teve em conta as necessidades expressas pelos Estados-Membros

Em novembro de 2015, os ministros dos Estados-Membros responsáveis pela Justiça e pelos Assuntos Internos recorreram às conclusões do Conselho da União Europeia para salientar a necessidade de a Comissão apoiar os Estados-Membros na luta contra a radicalização nas prisões. Em resposta, a comunicação “Apoio à prevenção da radicalização que conduz ao extremismo violento”, de 2016, incluiu um ponto específico sobre a radicalização nas prisões.

Na sequência dos ataques terroristas em Paris e na Dinamarca no início de 2015, em março desse ano os ministros da UE responsáveis pela Educação emitiram a Declaração de Paris sobre a promoção da cidadania e dos valores comuns da liberdade, tolerância e não-discriminação através da educação. Em linha com esta declaração, a comunicação “Apoio à prevenção da radicalização que conduz ao extremismo violento”, de 2016, deu maior ênfase à luta contra a exclusão social.

17

Tal como as necessidades dos Estados-Membros mudaram em resposta à evolução da situação de ameaça, também o apoio da Comissão mudou. Nesta alteração, a Comissão tem em conta o trabalho de organismos europeus como a Europol, que lhe faculta informações sobre a situação dos Estados-Membros face à ameaça (ver a caixa 5).

Caixa 5

Alterações do apoio da Comissão em resposta à situação de ameaça

Em resposta aos recentes ataques terroristas na Europa e à análise da Europol, a comunicação “Apoio à prevenção da radicalização que conduz ao extremismo violento”, de 2016, sublinhou a ameaça colocada pelos combatentes terroristas no estrangeiro que regressam ao país de origem (isto é, aqueles que deixam o seu local de residência na UE e viajam para outros países, por exemplo as zonas de conflito na Síria e no Iraque, para participar na luta terrorista ou em treino para esse fim). Esta comunicação reforçou o apoio ao desenvolvimento de estratégias de saída para ajudar as pessoas a afastarem-se de ambientes radicalizados e reintegrarem-se na sociedade.

18

O quadro estratégico orienta o apoio aos Estados-Membros para domínios relevantes, uma vez que a Comissão tem em conta as necessidades expressas por eles. O inquérito realizado pelo TCE confirmou que a maioria dos inquiridos considera que o apoio da Comissão aos Estados-Membros nos diversos domínios é relevante (ver a figura 2), em percentagens entre 64% e 80% consoante o domínio. O anexo mostra que a Comissão não só fez incidir o seu quadro estratégico em domínios pertinentes, mas aplicou também os diversos fundos da UE no desenvolvimento de ações que abordam, na prática, esses domínios.

Figura 2

Relevância do apoio prestado pela Comissão

Fonte: Inquérito de auditoria às representações permanentes dos Estados-Membros junto da União Europeia.

19

Não obstante, verificaram-se exceções em que as necessidades não foram suficientemente atendidas:

  1. as autoridades belgas informaram que o quadro estratégico não abordou de forma satisfatória a questão dos principais meios de comunicação social (televisão, rádio e imprensa). Estas autoridades consideraram que era importante incluir esta questão no quadro estratégico, a fim de facilitar a reflexão sobre o papel dos meios de comunicação social não só por incentivarem as pessoas a deixarem a Europa para combater na Síria, mas também por contribuírem para a polarização da sociedade, que pode criar tensões que conduzem à radicalização;
  2. a necessidade de desenvolver estratégias de saída (ver a caixa 5) não foi suficientemente abordada na prática. Em 2014, a Comissão lançou um convite à apresentação de propostas para projetos a financiar pelo “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”, visando duas prioridades: a prevenção da radicalização e o desenvolvimento de estratégias de saída. No entanto, apenas foi concedido financiamento a projetos que visavam o primeiro objetivo, relativo à prevenção da radicalização, pois receberam uma classificação mais elevada. Os programas de trabalho anuais de 2015 e 2016 do “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” não incluíram novos convites à apresentação de propostas para o desenvolvimento de programas sobre estratégias de saída.

O apoio está concebido para trazer benefícios aos Estados-Membros por agirem a nível europeu

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A Comissão não apenas visa domínios relevantes, como também recorre aos fundos e instrumentos da UE para prestar apoio concreto aos Estados-Membros, concebido de forma a trazer-lhes benefícios por agirem a nível europeu. Exemplos deste apoio são a RSR (ver a caixa 1), o Fórum Internet da UE, a Rede Europeia de Comunicações Estratégicas e a IRU da UE, na Europol (ver a caixa 2). Estas iniciativas, que visam especificamente a radicalização, promovem a cooperação entre os Estados-Membros e não seriam executadas de todo – ou não de forma tão eficiente – se estes agissem isoladamente.

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Os programas nacionais do “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” geridos pelos Estados-Membros estão também concebidos para trazer benefícios por agir a nível europeu, elevando os padrões nacionais de forma a reduzir as disparidades e estimulando as sinergias entre os Estados-Membros. 18 Estados-Membros incluíram ações específicas de luta contra a radicalização nos seus programas nacionais. A Bélgica, por exemplo, financiou projetos destinados a aumentar a sensibilização para a radicalização nas prisões, a apoiar uma rede de assistência a famílias vulneráveis e a financiar equipas pluridisciplinares móveis com o intuito de analisar as necessidades das autoridades locais e propor estratégias locais.

A Comissão promove sinergias, mas a coordenação podia ser melhorada

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A Comissão participa cada vez mais ativamente no apoio aos Estados-Membros para combater a radicalização. 14 dos 15 Estados-Membros que responderam ao inquérito do Tribunal (ver o ponto 14) consideram que a Comissão tem agora um papel mais ativo do que há cinco anos. A diversidade das ações da Comissão, que implicam diferentes fundos geridos por oito direções-gerais e estão dispersas por domínios de intervenção distintos (ver o ponto 5), exige uma coordenação eficaz. Nestes termos, o Tribunal examinou se a Comissão coordena as suas ações de modo a maximizar as sinergias, tendo analisado os procedimentos de consulta às diferentes direções-gerais antes de o financiamento da UE ser concedido. O TCE analisou também as principais ações financiadas por diferentes fundos da UE a fim de identificar sinergias e examinou se a Comissão tem uma visão geral completa de todas as suas ações de combate à radicalização, algo que é necessário para tirar o máximo partido das potenciais sinergias. Em particular, foi verificado se a Comissão utilizou plenamente a RSR, por exemplo para divulgar os resultados das ações financiadas pela UE.

A Comissão promove sinergias

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O anexo mostra que diferentes ações da Comissão podem abordar questões semelhantes. Uma vez que a Comissão é cada vez mais ativa neste domínio, existem oportunidades para sinergias, em particular nas áreas em que as ações se entrecruzam, como, por exemplo:

  1. os fundos concedidos pelo “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” aos Estados-Membros para a formação de professores poderão abordar questões semelhantes às dos projetos do Erasmus+;
  2. os projetos financiados pelo programa Justiça para formar e sensibilizar o pessoal do sistema prisional poderão abordar questões semelhantes às dos projetos do Erasmus+ ou do “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”.
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A Comissão tem um conjunto de procedimentos para facilitar a coordenação, a fim de maximizar as sinergias e evitar a duplicação do apoio (ver a caixa 6).

Caixa 6

Exemplos de procedimentos da Comissão para facilitar a coordenação

Através do processo designado por consulta interserviços, várias direções-gerais trabalham em conjunto para aprovar programas de trabalho anuais que definem as ações planeadas para os fundos da UE. Alguns desses programas necessitam de projetos para complementar outras ações, por exemplo:

  • o programa de trabalho anual de 2016 do programa Justiça necessitava de ações destinadas a garantir a coerência, a complementaridade e as sinergias com outras ações apoiadas por fundos da UE diferentes, entre os quais o “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”, o Erasmus+ e o Horizonte 2020;
  • as ações do programa de trabalho anual de 2016 do “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” geridas centralmente pela Comissão careciam de projetos para garantir a complementaridade com as atividades da Europol.

Os convites à apresentação de propostas (isto é, o procedimento de convite a candidaturas para o financiamento de projetos) podem exigir aos requerentes que demonstrem que não irão duplicar iniciativas já existentes. Por exemplo, o convite à apresentação de propostas de 2014 do “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” no âmbito da prevenção da radicalização exigia que os requerentes provassem que as propostas não duplicavam trabalhos, projetos e iniciativas já existentes, incluindo as atividades da RSR.

25

O Tribunal examinou ações em diferentes domínios financiadas por fundos distintos e constatou que a coordenação da Comissão deu origem a sinergias entre elas. A RSR, por exemplo, é utilizada para divulgar os resultados de outros projetos financiados pela UE (ver a caixa 7). A figura 3 dá mais exemplos, apresentando várias ações financiadas por três fundos da UE e demonstrando que existem sinergias dentro de cada fundo e entre eles. Por exemplo, a Comissão utilizou o 7.º programa-quadro (o programa de investigação que antecedeu o programa Horizonte 2020) para financiar o projeto de investigação IMPACT10, que desenvolveu instrumentos de avaliação das ações de radicalização que foram utilizados pelo projeto STRESAVIORA, financiado pelo “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”. Este projeto foi então reforçado e divulgado através de outro projeto financiado pelo programa Erasmus+.

Caixa 7

A compilação da RSR – um exemplo de sinergia entre projetos financiados pela UE

A compilação de abordagens e práticas criada pela RSR, que tem vindo a ser regularmente atualizada desde 2014, inclui pormenores sobre projetos sediados na UE no âmbito da radicalização que são transferíveis para outros contextos. Estes projetos foram apresentados numa reunião do grupo de trabalho da RSR para análise pelos pares e aprovados pelo Comité de Pilotagem desta rede. A compilação da RSR contém 108 práticas, incluindo 16 projetos financiados pela UE.

Figura 3

Exemplos de sinergias entre ações da Comissão de combate à radicalização

Fonte: TCE.

Existem algumas falhas de coordenação

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Embora a Comissão esteja em condições de identificar e explorar inúmeras ligações entre as ações, existem falhas na coordenação geral:

  1. a responsabilidade pela planificação e prestação de informações sobre os diferentes fundos da UE cabe a diferentes direções-gerais (ver o anexo). Por exemplo, a DG Educação e Cultura é responsável pela coordenação de projetos financiados pelo Erasmus+ e a DG Justiça e Consumidores pela coordenação dos projetos financiados pelo programa Justiça. Não obstante a DG Migração e Assuntos Internos ser a principal responsável pelo desenvolvimento do quadro estratégico da Comissão e pelo acompanhamento da sua execução11, até 2017 não existia um quadro para a coordenação de todas as ações da UE de combate à radicalização que permitisse identificar potenciais sinergias entre os fundos.
  2. Foi apenas em 2017 que a DG Migração e Assuntos Internos realizou um levantamento dos projetos de combate à radicalização financiados pela UE, o que significa que, até esse momento, a Comissão não dispunha de uma lista consolidada de ações de combate à radicalização financiadas pelos diferentes fundos da UE. Mesmo assim, este processo de levantamento limitou-se às ações geridas centralmente pela Comissão e não incluiu aquelas geridas pelos Estados-Membros no quadro dos programas nacionais.
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As entrevistas com a IRU da UE, na Europol, e com a Rede Europeia de Comunicações Estratégicas revelaram oportunidades de melhoria da coordenação entre as ações financiadas pela UE:

  1. a Europol apontou uma oportunidade de aumento da sinergia, mediante a coordenação entre o calendário e conteúdo das campanhas de discursos alternativos e a eliminação de conteúdos terroristas na Internet;
  2. a Rede Europeia de Comunicações Estratégicas sugeriu que poderia retirar benefícios do acesso à análise da Europol sobre as tendências da propaganda terrorista (na medida em que tal seja permitido pelo acordo administrativo entre a Comissão e a Europol), bem como de uma maior participação no VOX-Pol, um projeto de investigação financiado pela União Europeia12. Estas informações permitir-lhe-iam melhorar o aconselhamento disponibilizado aos governos sobre o desenvolvimento de estratégias de comunicação e a produção de campanhas de discursos alternativos.

A RSR não é utilizada em todo o seu potencial

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Embora a RSR traga vantagens interessantes por agir a nível europeu, o Tribunal constatou que este valor acrescentado não é maximizado na prática13:

Figura 4

Participantes no grupo de trabalho da RSR desde outubro de 2045

Fonte: TCE, com base em dados da Comissão.

  1. a RSR poderia concretizar realizações mais práticas, designadamente analisando os procedimentos dos Estados-Membros (por exemplo, através de mais visitas no local) e elaborando uma lista comparativa pormenorizada das abordagens seguidas em cada um. Embora a comunicação “Prevenir a radicalização que leva ao terrorismo e ao extremismo violento”, de 2014, aponte a compilação da RSR, cuja primeira publicação ocorreu nesse ano, como um repositório de boas práticas, a introdução desta última refere que as práticas incluídas apenas se destinam a ser uma fonte de informação e inspiração. Além disso, o Tribunal constatou que as entradas da compilação da RSR não dispõem de informações suficientes sobre a forma de financiamento do projeto para que as partes interessadas possam identificar potenciais fontes de financiamento da UE para os tipos de projetos que estejam a considerar;
  2. a Comissão não analisou os motivos pelos quais a RSR é menos utilizada por alguns países do que por outros (ver a figura 4). Esta diferença de utilização pode ser explicada pela diferente forma como os países encaram a ameaça representada pelo terrorismo, pela incidência da RSR em determinados tipos de terrorismo, pela sua abordagem ascendente (ou seja, manter os decisores políticos informados sobre os pareceres dos profissionais) ou pela utilização do inglês como língua principal durante as reuniões. Não é mantido qualquer registo das alterações ao longo do tempo nas taxas de participação dos diferentes Estados-Membros;
  3. a Comissão procura aumentar a sensibilização para os projetos financiados pela UE, incentivando os participantes nos mesmos a divulgar os resultados num grupo de trabalho da RSR. Por exemplo, dos 20 projetos financiados pelo ISEC14 concluídos desde 2011 (ano em que foi criada a RSR) e avaliados pela Comissão como bons, muito bons ou excelentes, esta propôs a divulgação através da RSR de 16 deles. Porém, o TCE constatou que, em mais de metade destes, a divulgação não sucedeu na prática. À data da presente auditoria, apenas 7 deles (44%) tinham sido apresentados num grupo de trabalho, sessão prática ou conferência da RSR;
  4. as autoridades belgas informaram que os profissionais de pequenas organizações no terreno sem ligações ao governo (por exemplo, redes de grupos locais de mães de combatentes no estrangeiro) não estão suficientemente envolvidos na RSR para garantir uma verdadeira abordagem ascendente;
  5. a RSR pretende melhorar a comunicação ascendente entre os profissionais e os decisores políticos. No entanto, menos de metade dos participantes num inquérito de profissionais participantes na RSR realizado pela própria rede em 2016 considerou que esta os tinha ajudado a influenciar os decisores políticos. Além disso, quatro dos inquiridos no inquérito do TCE referiram que a ligação entre a RSR e os decisores políticos poderia ser reforçada através, por exemplo, da troca formal de abordagens e ideias. As necessidades identificadas ao nível dos profissionais podem demorar demasiado tempo a chegarem ao quadro estratégico da Comissão. Por exemplo, a questão da radicalização nas prisões tem sido discutida desde 2011 ao nível dos profissionais (por exemplo, pessoal do sistema prisional e de vigilância, professores e assistentes sociais) no seio do grupo de trabalho da RSR sobre o sistema prisional e de vigilância. Contudo, a Comissão só em 2015 identificou ações específicas financiadas pelo programa Justiça para abordar esta questão.

O quadro da Comissão para a avaliação dos resultados não está suficientemente desenvolvido

29

O Tribunal examinou se a Comissão dispõe de indicadores de desempenho para avaliar a eficácia do seu apoio global e se foram fixados objetivos realistas. O exame aferiu se os indicadores medem não apenas a atividade, mas também os progressos reais face ao objetivo geral de ajudar os Estados-Membros no combate da radicalização que leva ao terrorismo. A nível das ações individuais, o TCE examinou se a Comissão avalia a eficácia do seu apoio a fim de descobrir o que funciona e em que situações, e o que não funciona e por que motivos. A Comissão necessita destas informações para poder:

  1. responder aos pedidos do Parlamento Europeu no sentido de avaliar a estratégia da UE de combate à radicalização e ao recrutamento para grupos terroristas15;
  2. melhorar e adaptar continuamente a sua política e o seu apoio em resposta à evolução da situação de ameaça e às necessidades dos utilizadores;
  3. divulgar e reforçar exemplos de projetos bem-sucedidos de modo a maximizar as sinergias (e evitar a divulgação de resultados de projetos ineficazes ou contraproducentes);
  4. demonstrar aos cidadãos que é provável que as iniciativas sejam eficazes.

A Comissão não avalia o seu êxito global na concretização dos objetivos estratégicos

30

O Tribunal constatou que a Comissão não tinha desenvolvido suficientemente o quadro de avaliação da sua política de apoio aos Estados-Membros no combate à radicalização em termos de eficácia e relação custo-benefício. A título de exemplo, a Comissão:

  1. não dividiu os objetivos gerais da sua política de combate à radicalização em objetivos mais específicos e mensuráveis;
  2. não criou indicadores e metas adequados para os fundos da UE utilizados, a fim de medir o desempenho do combate à radicalização;
  3. não disponibilizou uma visão geral completa das ações de combate à radicalização financiadas pela UE (ver o ponto 26);
  4. não estabeleceu plenamente os custos do combate à radicalização. A comunicação “Prevenir a radicalização que leva ao terrorismo e ao extremismo violento”, de 2014, não incluía quaisquer dados sobre os montantes do financiamento. A Comissão explicou que as ações seriam executadas com os recursos existentes, mas não especificou quais. A comunicação “Apoio à prevenção da radicalização que conduz ao extremismo violento”, de 2016, disponibilizou algumas informações sobre o financiamento e os custos, tal como o fez a avaliação exaustiva da política de segurança da UE, de julho de 201716. Contudo:
    1. algumas ações, como os projetos financiados pelo “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”, foram omitidas;
    2. algumas ações não foram quantificadas, nomeadamente a IRU da UE, o Fórum Internet da UE, o Programa de Capacitação da Sociedade Civil e a Rede Europeia de Comunicações Estratégicas;
    3. as informações sobre o financiamento das diferentes ações referem-se a períodos distintos;
    4. não é feita qualquer distinção entre os custos das ações especificamente concebidas para combater a radicalização (por exemplo, os 25 milhões de euros para o Centro de Excelência da RSR) e as que, não o tendo sido, contribuem para a sua prevenção (por exemplo, os 25,6 mil milhões de euros do Fundo Social Europeu para promover a inclusão social de grupos desfavorecidos).
31

Por conseguinte, não há um relatório global que abranja os custos e as realizações das ações de combate à radicalização financiadas pela UE. Em vez disso, as questões são abrangidas em vários relatórios que descrevem o que foi feito, em lugar de medir o sucesso na concretização dos objetivos estratégicos (ver a caixa 8).

Caixa 8

Exemplos de relatórios que descrevem o que foi feito em lugar de medir o sucesso na concretização dos objetivos estratégicos

O relatório final sobre a execução da Estratégia de Segurança Interna da UE 2010-2014 descreve o que tinha sido feito para apoiar os Estados-Membros no combate à radicalização, mas não avaliou a eficácia17:

  • da criação da RSR em setembro de 2011;
  • da aprovação da comunicação “Prevenir a radicalização que leva ao terrorismo e ao extremismo violento”, de janeiro de 2014;
  • da publicação da compilação da RSR.

No relatório anual de atividades de 2016 da DG Migração e Assuntos Internos, os quadros sobre o desempenho do “Fundo para a Segurança Interna — Polícia” incluem dados sobre o número de discursos alternativos produzidos.

A IRU da UE apresenta periodicamente informações sobre o volume de conteúdos terroristas eliminados da Internet.

A Comissão não consegue demonstrar o grau real de eficácia de cada ação

32

Mais atividade não significa necessariamente maior eficácia. O Tribunal constatou que as avaliações das ações da Comissão destinadas a ajudar os Estados-Membros a combater a radicalização aferem frequentemente os resultados em termos de volume de atividade (por exemplo, o número de reuniões realizadas ou de documentos elaborados) e não de eficácia (por exemplo, os conhecimentos adquiridos pelos participantes na RSR, de que forma os aplicaram e o impacto nas suas funções). A recente avaliação global da política de segurança da UE sublinhou também a necessidade de avaliar os resultados e a eficácia das ações destinadas a prevenir o terrorismo. Por conseguinte, tal como os pontos seguintes ilustram, a Comissão não consegue demonstrar o grau real de eficácia das ações de combate à radicalização financiadas pela UE.

33

Existem avaliações planeadas para projetos financiados pelo “Fundo para a Segurança Interna – Polícia”, mas estes carecem, muitas vezes, de indicadores de eficácia. A título de exemplo, das cinco propostas de projeto escolhidas na sequência do convite de 2014 para a apresentação de propostas sobre a radicalização (ver o ponto 19, alínea b)), a Comissão considerou que três18 tinham estratégias de avaliação e acompanhamento limitadas, vagas ou básicas e careciam de indicadores para medir o seu grau real de eficácia.

34

No caso do ISEC (o fundo que antecedeu o “Fundo para a Segurança Interna – Polícia“), a Comissão analisou o relatório final de cada projeto19 e descreveu os resultados alcançados em termos de realizações concretas, tendo ainda avaliado a qualidade dos resultados, ou seja, se eram úteis e transferíveis, se deveriam ser divulgados e de que forma. Porém, estas análises não disponibilizaram avaliações baseadas em dados quanto aos impactos dos projetos. Na ausência de indicadores de eficácia que tenham sido de facto incluídos nesses projetos, as análises registaram as decisões dos examinadores sobre o seu grau provável de eficácia.

35

A IRU da UE, sediada na Europol, sinaliza conteúdos terroristas online e transmite essa informação aos fornecedores de serviços que os hospedam para que estes os possam retirar. O desempenho é medido em termos do volume e percentagem de conteúdos sinalizados que são retirados pelos fornecedores de serviços (ver a figura 5). Estas estatísticas têm as seguintes limitações:

  1. não indicam o volume de conteúdos retirado unicamente em resultado das ações da IRU da UE, uma vez que esta unidade também pode solicitar às empresas de Internet que retirem propaganda terrorista sinalizada pelos Estados-Membros20. Quando a IRU da UE analisa propaganda em línguas não oficiais da UE (por exemplo, em árabe, russo ou turco), que é menos escrutinada pelas unidades de sinalização de conteúdos na Internet nacionais, o risco é menor. A IRU da UE não tem informações sobre o volume de conteúdos terroristas retirados pelas empresas de Internet unicamente a seu pedido, ou seja, que não tenham sido igualmente sinalizados pelas IRU nacionais, pela sociedade civil ou pelas próprias empresas. Estas últimas não dão informações sobre os motivos por que os conteúdos foram retirados.
  2. não demonstram a eficácia em termos do volume de propaganda terrorista que permanece na Internet. Os dez inquiridos que expressaram a sua opinião a este respeito no inquérito consideraram que um dos desafios enfrentados pela IRU da UE é o facto de a propaganda retirada ser simplesmente recarregada ou mudada para outras plataformas (conhecido como o efeito “jogo das toupeiras“). No Fórum Internet da UE de dezembro de 2016 (ver a caixa 2), as principais empresas de Internet apresentaram uma iniciativa para evitar o recarregamento da propaganda. As autoridades francesas com que o TCE se reuniu salientaram a necessidade de demonstrar a eficácia deste mecanismo, bem como o desafio de encontrar o equilíbrio ideal entre tornar a propaganda terrorista menos acessível na Internet e levar os terroristas a usar sistemas de mensagens clandestinos e mais complexos, o que pode dificultar as investigações.
  3. não medem a rapidez de resposta, por exemplo quanto tempo a IRU da UE demora a identificar conteúdos suspeitos após o seu carregamento e quanto tempo as empresas de Internet demoram a retirá-los após terem sido notificadas dos mesmos.

Figura 5

Estatísticas da IRU da EU

1 de julho de 2015 a 1 de julho de 2016 1 de julho de 2016 a 1 de junho de 2017
Sinalizações propostas 9 787 20 174
Conteúdos retirados pelos fornecedores de serviços 8 949 16 143
Taxa de sucesso 91,4% 80,0%

Fonte: Europol – Relatório do ano inicial da IRU da UE e dados da Europol.

36

A DG Migração e Assuntos Internos estabelece metas quantificadas e pormenorizadas para a RSR no seu plano anual de atividades, analisando os progressos realizados em relatórios trimestrais e anuais. Estes planos e relatórios, no entanto, apenas listam as atividades, por exemplo o número de reuniões, participantes, documentos ex ante, visitas de estudo, seminários, conferências, boletins informativos, cursos de formação, sessões práticas, documentos estratégicos e documentos temáticos. No sentido de acompanhar a sua eficácia, a Comissão não solicitou informações ao Centro de Excelência da RSR, tais como a satisfação dos participantes, os conhecimentos e contactos adquiridos, a forma como estes foram utilizados e divulgados nos Estados-Membros e o seu impacto no trabalho ou nos resultados da organização (por exemplo, se a formação ajudou realmente a polícia a reconhecer indivíduos radicalizados e atenuar o risco que colocam). Por sua própria iniciativa, contudo, o Centro de Excelência da RSR realizou inquéritos que dão algumas indicações sobre o grau de utilidade dos seus produtos. A título exemplificativo, um inquérito realizado em agosto de 2016 concluiu que quase 90% dos participantes em eventos da RSR consideraram que essa participação teria um impacto positivo no seu trabalho quotidiano.

Conclusões e recomendações

37

Os Estados-Membros são responsáveis pela sua própria segurança nacional, incluindo a luta contra o terrorismo. A UE também desempenha um papel na garantia de um elevado nível de segurança, facilitando o intercâmbio de informações, a cooperação operacional e a partilha de conhecimentos e experiências. Em 2005, a UE estabeleceu a sua estratégia de luta antiterrorista, organizada em torno de quatro pilares, o primeiro dos quais pretende evitar que as pessoas adiram ao terrorismo através do combate às causas da radicalização e do recrutamento. Uma vez que a radicalização é causada por diversos fatores, foi lançado um conjunto alargado de ações para abordar o problema. Assim, a Comissão recorre a um conjunto cada vez mais vasto de fundos da UE existentes para apoiar os Estados-Membros.

38

A auditoria do Tribunal examinou se a Comissão geriu de forma adequada o seu apoio aos Estados-Membros no combate à radicalização que leva ao terrorismo. Em termos gerais, o Tribunal constatou que a Comissão deu resposta às necessidades dos Estados-Membros mas que existiram algumas falhas a nível da coordenação e avaliação.

39

A Comissão fomentou a cooperação entre os Estados-Membros através de iniciativas de relevância como a Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR), o Fórum Internet da UE e a Rede Europeia de Comunicações Estratégicas (ver os pontos 15 a 21).

40

A Comissão coordenou o seu apoio transversal através, por exemplo, de consultas entre as direções-gerais quando da aprovação dos programas de trabalho. Esta articulação deu origem a sinergias entre as ações mas, apesar das melhorias recentes, ainda há margem para reforçar a coordenação entre estas ações. A título ilustrativo, a visão global da Comissão sobre as ações financiadas pela UE neste domínio não incluiu aquelas geridas pelos Estados-Membros, o que seria útil para tirar o máximo partido das potenciais sinergias. O Tribunal constatou igualmente que a RSR, uma das principais iniciativas da Comissão, não foi utilizada em todo o seu potencial para divulgar os resultados dos projetos bem-sucedidos financiados pela UE (ver os pontos 22 a 28).

Recomendação 1

Melhorar o quadro de coordenação global das ações de combate à radicalização

A Comissão deve melhorar o quadro de coordenação global das ações financiadas pela UE para apoiar os Estados-Membros no combate à radicalização. A Comissão deve, em especial:

  1. incluir as principais ações financiadas pela UE geridas pelos Estados-Membros na lista de ações de combate à radicalização financiadas pela UE. Deve atualizar periodicamente esta lista com vista a maximizar as sinergias, sobretudo nos casos em que os diferentes fundos e instrumentos se entrecruzam. A lista deve estar acessível aos proponentes dos projetos;
  2. tirar o maior partido das eventuais sinergias entre suas ações, formalizando a obrigação de utilizar a RSR para divulgar os resultados dos projetos bem-sucedidos financiados pela UE.

Prazo: junho de 2019.

Recomendação 2

Aumentar o apoio prático aos profissionais e decisores políticos nos Estados-Membros

A Comissão deve:

  1. melhorar a comunicação entre profissionais e decisores políticos mediante uma partilha regular e estruturada de abordagens e ideias;
  2. analisar a participação dos profissionais dos Estados-Membros na RSR, examinando em particular se o envolvimento dos países menos ativos deve ser aumentado;
  3. analisar a participação dos profissionais na RSR e assegurar que os diferentes tipos de partes interessadas estão representados adequadamente, incluindo redes de organizações no terreno sem relações com o governo a fim de reforçar a abordagem ascendente;
  4. apoiar os gestores de projetos de combate à radicalização na avaliação da eficácia e da possibilidade de transferência de práticas, e aumentar a relevância da compilação da RSR através da inclusão de mais informações sobre a eficácia das práticas e o contexto em que podem ser transferidas;
  5. incluir na compilação da RSR uma descrição clara da forma de financiamento das ações com fundos da UE.

Prazo: junho de 2019.

41

A Comissão não desenvolveu suficientemente o quadro de avaliação do seu apoio em termos de eficácia e relação custo-benefício. A título exemplificativo, não dividiu os objetivos estratégicos gerais em objetivos mais específicos e mensuráveis, e os fundos utilizados pela Comissão a fim de combater a radicalização não são acompanhados de indicadores e metas concebidos para medir o grau de sucesso na concretização desse fim (ver os pontos 29 a 31).

42

Além disso, as concretizações de ações específicas são frequentemente medidas em termos de volume de atividade e não de eficácia. Em consequência, existe o risco de que os ensinamentos úteis não sejam divulgados nem tidos em conta quando a Comissão conceber ações ou continuar a desenvolver as suas políticas (ver os pontos 32 a 36).

Recomendação 3

Melhorar o quadro de avaliação dos resultados

A Comissão deve avaliar o êxito na concretização dos seus objetivos estratégicos e garantir que é possível provar o grau real de eficácia das ações financiadas pela UE. A Comissão deve, em especial:

  1. realizar as necessárias consultas e investigação, de modo a identificar objetivos e indicadores para avaliar o êxito e a relação custo-benefício da concretização dos seus objetivos estratégicos ao apoiar os Estados-Membros no combate à radicalização. Deve ainda informar regularmente sobre os progressos globais no cumprimento dos objetivos da sua política de combate à radicalização, incluindo os fundos da UE envolvidos;
  2. solicitar ao Centro de Excelência da RSR que, nos seus relatórios, disponibilize mais pormenores sobre a sua eficácia, tais como a satisfação dos participantes, os conhecimentos e contactos adquiridos, a forma como estes foram utilizados e o seu impacto no trabalho ou nos resultados da organização;
  3. supervisionar, através do Fórum da Internet da UE:
    • a cooperação entre a IRU da UE e as IRU nacionais no sentido de garantir a complementaridade e evitar duplicações desnecessárias na sinalização de conteúdos terroristas às empresas de Internet;
    • até que ponto a eliminação de propaganda terrorista tem impacto na sua prevalência na Internet;
    • a velocidade com que os conteúdos sinalizados pela IRU da UE são retirados;
  4. certificar-se de que os proponentes dos projetos demonstram o modo como irão medir a eficácia dos mesmos.

Prazo: junho de 2019.

O presente relatório foi adotado pela Câmara V, presidida por Lazaros S. LAZAROU, Membro do Tribunal de Contas, no Luxemburgo, na sua reunião de 20 de março de 2018.

Pelo Tribunal de Contas

Klaus-Heiner LEHNE
Presidente

Anexo

Exemplos de ações de combate à radicalização financiadas pela UE

Desenvolvimento de conhecimentos sobre a radicalização e partilha de práticas
Ação Objetivo no âmbito do combate à radicalização Financiamento Gestão
Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR) Apoiar os Estados-Membros na conceção e execução de um trabalho de prevenção eficaz, na disponibilização de orientações e manuais para o estabelecimento de estruturas multilaterais e na criação de uma plataforma para a troca de experiências e práticas, além da continuação do levantamento da investigação sobre a radicalização. Fundo para a Segurança Interna – Polícia DG HOME
Subvenções à investigação Colmatar o fosso entre o mundo académico e os responsáveis em matéria de segurança no domínio da radicalização a fim de reforçar as capacidades dos Estados-Membros para afinar as abordagens estratégicas existentes e definir novas políticas e práticas.(Tópicos de investigação: desenvolvimento de uma abordagem global à radicalização violenta e tendências da radicalização contemporânea) Programa Horizonte 2020 DG HOMEDG RTD
Projetos no âmbito da segurança sob gestão direta e partilhada Desenvolvimento de instrumentos para chegar até intervenientes e famílias locais, intervir junto dos mesmos e apoiá-los a fim de evitar a radicalização Fundo para a Segurança Interna – Polícia DG HOME
Combate à propaganda terrorista
Unidade de Sinalização de Conteúdos na Internet da UE (IRU da UE) Combater a propaganda terrorista online. Europol Europol
Fórum Internet da UE Iniciativa da Comissão para envolver as empresas de Internet na luta contra a propaganda terrorista Fundo para a Segurança Interna DG HOME
Rede Europeia de Comunicações Estratégicas Disponibilizar conhecimentos especializados aos Estados-Membros, à sociedade civil e às instituições da UE sobre o desenvolvimento de quadros estratégicos, campanhas de comunicação ou iniciativas isoladas. Disponibilizar uma rede de partilha de boas práticas, bem como aconselhamento e apoio prático ao desenvolvimento de discursos alternativos eficazes. Fundo para a Segurança Interna DG HOME
Projetos no âmbito da segurança sob gestão direta e partilhada Luta contra o problema dos conteúdos online que podem levar à radicalização Fundo para a Segurança Interna – Polícia DG HOME
Promoção de sociedades inclusivas e resilientes
Parcerias transnacionais Desenvolver abordagens e práticas inovadoras, dando prioridade à inclusão social, à promoção de valores comuns e ao entendimento intercultural. Erasmus+ DG EAC
Apoio à reforma das políticas Reforçar e divulgar boas práticas inovadoras que recaiam no âmbito da Declaração de Paris.
Serviço Voluntário Europeu Promover valores fundamentais e chegar a pessoas e comunidades desfavorecidas.
Jovens trabalhadores Desenvolver um conjunto de instrumentos de boas práticas sobre como:
  • ajudar os jovens a reforçar a sua adesão aos valores democráticos e a dotar-se de literacia mediática e de espírito crítico;
  • ensinar os jovens a resolver conflitos e a respeitar os pontos de vista dos outros;
  • identificar riscos de marginalização ou grupos vulneráveis.
eTwinning Estabelecer ligações entre professores e salas de aula em toda a Europa através da plataforma Internet eTwinning, visando identificar boas práticas de abordagem à diversidade na sala de aula e transmissão de valores comuns aos alunos, bem como de identificação de riscos de marginalização ou grupos vulneráveis.
Apoio a programas nacionais e pequenos projetos locais Promover a inclusão social de grupos desfavorecidos através, por exemplo, de programas de formação específicos e de programas de apoio social. Fundo Social Europeu DG EMPLDG REGIO
Ajudar as escolas a lutar contra o problema do abandono escolar precoce e melhorar o acesso a um ensino de qualidade para todos.
Projetos no âmbito do emprego e da inovação social Financiar projetos inovadores no terreno que promovam a inclusão social. Programa para o Emprego e a Inovação Social DG EMPL
Projetos sobre direitos, igualdade e cidadania Fomentar uma melhor compreensão entre as comunidades, incluindo religiosas, prevenindo e combatendo o racismo e a xenofobia mediante atividades inter-religiosas e interculturais. Programa Direitos, Igualdade e Cidadania DG JUST
Projetos no âmbito da segurança sob gestão direta e partilhada Consciencializar e formar profissionais de primeira linha para reconhecer e reagir ao processo de radicalização de potenciais combatentes no estrangeiro Fundo para a Segurança Interna – Polícia DG HOME
Identificar e interagir com pessoas radicalizadas
Programas de reabilitação e desradicalização Reabilitação e desradicalização dentro e fora das prisões, criação de instrumentos de avaliação dos riscos e formação de profissionais. Programa Justiça DG JUST
Formação de pessoal do sistema prisional e de vigilância Envolver a Confederação Europeia de Liberdade Condicional e a organização europeia dos serviços prisionais e correcionais na formação específica de pessoal do sistema prisional e de vigilância.
Combate à radicalização em países fora da Europa
Medidas de combate ao terrorismo Disponibilizar apoio específico de combate ao terrorismo a países terceiros. Fundos Europeus de Desenvolvimento e Instrumento para a Estabilidade e a Paz DG DEVCO
Instrumento Europeu de Vizinhança DG NEAR
Consideração da dimensão da luta contra a radicalização Integrar os assuntos relacionados com a luta contra a radicalização em vários tipos de apoio a países terceiros. Fundos Europeus de Desenvolvimento e Instrumento para a Estabilidade e a Paz DG DEVCO
Instrumento Europeu de Vizinhança DG NEAR
eTwinning Plus Alargar a plataforma eTwinning a determinados países da Política Europeia de Vizinhança, em especial àqueles que enfrentam problemas relacionados com a radicalização violenta e onde o diálogo intercultural é mais necessário. Erasmus+ DG EAC

Fonte: TCE, com base nas comunicações da Comissão sobre o apoio à prevenção da radicalização que leva ao extremismo violento.

Respostas da Comissão

Síntese

V

Desde 2017, a Comissão tem vindo a melhorar a sua visão de conjunto das ações financiadas pela UE e já é capaz de identificar as sinergias entre os diferentes fundos e ações, nomeadamente no âmbito da task force da União da Segurança e do seu subgrupo específico sobre a radicalização.

VI

Os objetivos da política da Comissão em matéria de prevenção e de combate à radicalização figuram nos documentos estratégicos pertinentes. Estes são necessariamente de natureza mais geral, figurando os objetivos mais específicos nas iniciativas pertinentes.

VII

A Comissão sublinha que os projetos e iniciativas individuais são avaliados e os seus resultados são registados. Tais elementos são incluídos na avaliação geral dos fundos e programas. A Comissão reconhece, contudo, que o impacto a mais longo prazo destas ações não é medido de forma sistemática.

Introdução

06

O reforço dos conhecimentos sobre a radicalização é efetuado não só através dos projetos financiados ao abrigo do programa Horizonte 2020, mas também de outros fundos da UE, em especial o Fundo para a Segurança Interna – Polícia (FSI-P), incluindo a Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR), que está igualmente incumbida da tarefa de partilhar e estabelecer boas práticas.

08

Os projetos financiados pelo Fundo Social Europeu destinam-se, nomeadamente, a reforçar a resiliência de uma forma geral, mas podem também visar especificamente a radicalização (por exemplo, o projeto BAANA).

09

As estratégias de saída em sentido lato e os projetos de reabilitação e de desradicalização não são financiados exclusivamente pelo programa Justiça, mas também pelo FSI-P, como é o caso do convite geral à apresentação de propostas sobre a radicalização, lançado em novembro de 2017.

Observações

Caixa 5

Embora a Comissão adapte efetivamente a sua resposta à evolução do cenário de ameaça, o seu trabalho no domínio da prevenção da radicalização visa tanto objetivos de longo prazo como de curto prazo. Neste sentido, muitas das vertentes de trabalho abrangem todas as formas de radicalização.

19
  1. A questão dos meios de comunicação social foi tratada de diferentes modos: foi incluída na Comunicação da Comissão de 2005 (capítulo 2.1 sobre a rádio e a televisão); esta questão (nomeadamente a questão da polarização) foi igualmente debatida no âmbito da Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR), bem como da Rede Europeia de Comunicações Estratégicas (RECE) e a Comissão deu prioridade a este assunto no recente convite à apresentação de propostas de 2017 (ISF-2017-AG-RAD).

    A questão foi ainda levantada no Grupo de Peritos de Alto Nível da Comissão sobre Radicalização (HLCEG-R), que recomendou, no seu relatório intercalar de dezembro de 2017, que os Estados-Membros (com o apoio da Comissão) analisassem se os instrumentos existentes são suficientes para impedir de forma eficaz a difusão de propaganda extremista violenta nos meios de comunicação social tradicionais.
  2. A Comissão pôs em prática as medidas necessárias para colmatar as lacunas no desenvolvimento de estratégias de saída. No passado, a Comissão já tinha financiado importantes programas de saída ao abrigo do programa ISEC (prevenção e luta contra a criminalidade), sendo o financiamento da Rede Europeia de Desradicalização, em 2012-2013, o exemplo mais importante. Além disso, na sequência da adoção da Comunicação de 2014 sobre a radicalização, a Comissão convidou os Estados-Membros a incluírem o desenvolvimento de estratégias de saída como prioridade de financiamento nos seus programas nacionais. Os programas de saída continuam a ser uma prioridade, tendo sido incluídos num convite à apresentação de propostas lançado em novembro de 20171.
Caixa 6

Para além dos procedimentos e mecanismos para facilitar a coordenação entre os diferentes fundos e iniciativas mencionados pelo Tribunal de Contas, a coordenação também se processa a um nível estratégico mais geral, em especial desde 2017, através da task force da União da Segurança e, mais especificamente, do subgrupo sobre a radicalização.

26

Embora um documento único aumente a transparência, a Comissão considera que, mesmo sem uma lista consolidada de ações de combate à radicalização financiadas pela UE, os serviços competentes da Comissão conseguiram coordenar as ações utilizando os procedimentos existentes.

Em 2017, a Comissão criou a task force da União da Segurança e o respetivo subgrupo sobre a radicalização com o objetivo de melhorar a coordenação das ações da UE de lutar contra a radicalização e de identificar as sinergias entre os diferentes fundos e ações.

27

A oportunidade sugerida de aumento das sinergias entre a eliminação dos conteúdos e as campanhas de luta contra o discurso extremista nunca foi apresentada à Comissão ou ao Fórum da UE sobre a Internet, que persegue os dois objetivos e que, logicamente, seria o fórum adequado. Por conseguinte, a Comissão não considera que se tenha tratado de falta de coordenação da sua parte.

Em especial graças aos encontros que tiveram lugar no âmbito do Fórum da UE sobre a Internet ou no quadro do grupo consultivo do Centro Europeu de Luta contra o Terrorismo da Europol, criado em outubro de 2016, e nos quais o VoxPol e a RECE participam, a Comissão e a Europol, respetivamente, facilitaram uma maior ligação e coordenação entre as ações financiadas pela UE.

28
  1. A RSR produziu já um elevado número de contribuições práticas, nomeadamente manuais e formações (por exemplo, programas de formação para os agentes de polícia europeus, um manifesto sobre a educação e um manual sobre os combatentes terroristas estrangeiros que regressam à Europa, para citar apenas alguns exemplos).

    O principal objetivo da compilação da RSR é ser uma fonte de inspiração para outros profissionais, não parecendo portanto ser o meio adequado para os profissionais procurarem potenciais fontes de financiamento. As informações sobre o financiamento de projetos estão disponíveis noutros contextos.
  2. A Comissão está ciente das razões que explicam a diferença de participação das partes interessadas de cada Estado-Membro. Para além das razões referidas pelo Tribunal de Contas, convém não esquecer que é normal que os profissionais dos países que enfrentam um risco mais elevado de ameaça terrorista ou que dispõem de estratégias e práticas de prevenção mais avançadas, bem como de conhecimentos mais aprofundados, estejam mais representados do que os outros. A Comissão continua a considerar importante debater com os Estados-Membros as prioridades, as necessidades e os problemas de cada um. A partir de 2017, esse diálogo passou a ter lugar sobretudo no âmbito do Grupo de Peritos de Alto Nível em Radicalização. O relatório intercalar do grupo, publicado em novembro de 2017, já forneceu orientações úteis para atividades a organizar pela RSR e a RECE em 2018.

    A RSR mantém, monitoriza e atualiza a lista de participantes, que apresenta uma panorâmica dos profissionais por Estado-Membro, permitindo assim à RSR e à Comissão verem de que forma evolui a participação dos profissionais de um determinado Estado-Membro.
  3. A RSR inclui já um grande número de organizações que trabalham no terreno e que não têm qualquer ligação aos governos, para além de um grande número de outros profissionais de primeira linha. A Comissão considera que a perspetiva e a experiência destes profissionais são integradas no debate político, garantindo uma abordagem ascendente.
  4. A comunicação entre os profissionais e os decisores políticos tem lugar sob diferentes formas: as conclusões e recomendações dos profissionais foram partilhadas com os decisores políticos numa série de eventos (por exemplo, a conferência de alto nível da RSR, em novembro de 2016, ou a conferência da RSR sobre os combatentes regressados, em junho de 2017). A Comissão considera que a conferência da RSR sobre os combatentes regressados, juntamente com o manual e os seminários de seguimento sobre a mesma temática, nos quais participam os representantes dos Estados-Membros, estão a ter um impacto significativo no desenvolvimento das políticas nesta área a nível da UE, mas, mais importante ainda, a nível dos Estados-Membros.

A Comissão está igualmente a dialogar com os Estados-Membros sobre a necessidade ou não de um maior apoio através da RSR ou de outra forma. O HLCEG-R, instituído em julho de 2017, é um grupo consultivo que ajuda a Comissão a identificar e a formular respostas adequadas a essas necessidades. As recomendações do relatório intercalar do Grupo de Peritos de Alto Nível em Radicalização, de novembro de 2017, constam do plano anual de atividades para 2018. A Comissão consegue, assim, garantir que o valor acrescentado da RSR é maximizado na prática, oferecendo serviços que dão resposta às prioridades e aos desafios identificados pelos Estados-Membros.

A questão da radicalização nas prisões tornou-se uma prioridade política, em linha com uma maior consciencialização do problema por parte dos intervenientes do setor penitenciário e da liberdade condicional. Organizações como o Conselho da Europa, a EuroPris e a Confederação Europeia de Liberdade Condicional (CEP) só começaram a interessar-se ativamente por esta questão em 2015, altura em que a Comissão identificou as ações a financiar pelo programa «Justiça».

29

A Comissão considera que é, de facto, importante dispor de informações suficientes sobre os progressos e a eficácia do seu apoio geral. A Comissão realiza sistematicamente avaliações intercalares e ex post dos fundos da UE. Os resultados das avaliações intercalares contribuem para direcionar os fundos, permitindo a sua adaptação a um contexto em mutação, no respeito da base jurídica. Os resultados das avaliações ex post contribuem para o desenvolvimento das políticas. No entanto, tendo em conta que o cenário de ameaça e as necessidades dos Estados-Membros podem mudar rapidamente, impõem-se respostas políticas rápidas, mesmo quando não estão disponíveis avaliações exaustivas das ações anteriores.

Além disso, o apoio global foi analisado na avaliação global das políticas de segurança, publicada em julho de 2017, que serviu de base à resposta da Comissão ao pedido do Parlamento Europeu.

30
  1. Os objetivos da política da Comissão em matéria de prevenção e de combate à radicalização figuram nos documentos estratégicos pertinentes. Estes são necessariamente de natureza mais geral, figurando os objetivos mais específicos nas iniciativas pertinentes.
  2. Ainda que os fundos da UE utilizados não contenham metas e indicadores específicos relativos à radicalização, a eficácia e a relação custo-benefício dos projetos no domínio do combate à radicalização são avaliadas através de indicadores do programa e de indicadores específicos que refletem o âmbito e os objetivos dos diferentes programas/fundos de financiamento. Essa avaliação é efetuada de forma sistemática para cada fundo. Por exemplo, a eficácia de programas como o Erasmus+, que apoia a educação inclusiva de qualidade e a promoção de valores comuns, é avaliada através de objetivos e indicadores do programa e específicos por setor. As estimativas de custos estão normalmente relacionadas com esses objetivos mais gerais ligados à educação do que com a radicalização propriamente dita, dada a sua contribuição indireta para a prevenção da radicalização.
  3. No quadro da avaliação global de julho de 2017 da política de segurança da UE foi fornecida uma panorâmica completa de todas as ações de combate à radicalização, com exceção das ações da UE geridas pelos Estados-Membros, com informações sobre os fundos e os custos (ver resposta ao ponto 26).
  4. Seria extremamente difícil contabilizar a totalidade dos custos do combate à radicalização, em especial no que refere às ações que visam diferentes objetivos e às ações com diferentes calendários. A Comissão sublinha que os diferentes documentos estratégicos, como as comunicações sobre a radicalização, não devem incluir referências específicas e exaustivas aos meios financeiros disponibilizados para determinadas ações. As comunicações da Comissão não são os documentos apropriados para registar ou anunciar compromissos financeiros específicos.
32

Avaliar a eficácia de ações preventivas é intrinsecamente difícil e requer uma colaboração estreita entre a Comissão, os Estados-Membros, as diferentes partes interessadas e os investigadores. Trata-se de um processo gradual e para o qual estão a ser progressivamente testadas e aplicadas técnicas de avaliação. Tal como salientado pela Comissão na sua avaliação global das políticas de segurança, é necessário avaliar melhor os resultados e a eficácia, pelo que a Comissão deve continuar a explorar novas formas de demonstrar melhor a eficácia das suas ações.

A Comissão considera que a avaliação do desempenho do centro de excelência da RSR vai mais além de uma simples enumeração dos eventos e atividades, dado que inclui uma avaliação de cada tarefa, como ficou claramente demonstrado no relatório intercalar anual da RSR de 2016 (abril de 2016).

33

O processo de seleção no âmbito dos instrumentos de financiamento da UE inclui uma avaliação da solidez da estratégia de acompanhamento e avaliação proposta pelos proponentes e é parte integrante da análise dos pontos fortes e fracos dos diversos projetos. Esta avaliação é partilhada com os proponentes, a fim de os incentivar a melhorar a construção do seu projeto, e serve igualmente de contributo para a estratégia da Comissão de acompanhamento do projeto quando este está em curso. No entanto, a qualidade da estratégia de acompanhamento e avaliação integrada num projeto não é o único elemento a determinar a sua seleção. Antes de mais, os projetos são selecionados com base na sua pertinência para o objetivo estratégico fixado no convite à apresentação de propostas e no respetivo valor acrescentado para a UE (por exemplo, se envolvem ou têm impacto em vários Estados-Membros).

Além disso, a ausência de indicadores de eficácia não implica que a eficácia não pode ser avaliada, uma vez que os projetos devem fornecer um relatório descritivo pormenorizado que permita à Comissão avaliar se o projeto contribuiu eficazmente para a realização do objetivo estratégico.

34

Os pagamentos relativos aos projetos cofinanciados pela UE dependem do facto de o projeto ter sido ou não executado de acordo com os seus objetivos iniciais.

No quadro dessa avaliação final, a Comissão avalia um certo número de elementos, como a qualidade, a utilidade e a transferibilidade dos resultados.

As avaliações dos projetos individuais são, em seguida, incorporadas na avaliação geral do programa financeiro, que é realizada recorrendo a avaliadores externos.

Por exemplo, o programa ISEC em geral, os convites à apresentação de propostas individuais e os resultados dos projetos são geralmente muito bem acolhidos pelos Estados-Membros e pelas partes interessadas, como indicado na avaliação ex post do programa ISEC «Prevenir e combater a criminalidade» 2007-2013.

Por último, as avaliações são complementadas por outras ferramentas que ajudam a Comissão a reforçar a base factual para as intervenções individuais. Por exemplo, as ferramentas desenvolvidas pelo projeto IMPACT financiado pela UE ajudam os gestores dos projetos a realizar avaliações da eficácia das suas ações de melhor qualidade. Além do mais, para determinados projetos financiados pela UE (como os que serão financiados ao abrigo do programa de capacitação da sociedade civil), a Comissão prevê uma avaliação ex post do programa atendendo à natureza inovadora das narrativas alternativas e contrárias ao discurso do ódio. E no âmbito do seguimento dado ao relatório intercalar do HLCEG-R, a Comissão analisará, em conjunto com os Estados-Membros, a melhor forma de avaliar determinados programas e intervenções.

35

A Comissão, juntamente com a Europol, tem vindo a solicitar às empresas de Internet dados sobre a eliminação dos conteúdos terroristas, mas as reações têm sido escassas. Além disso, a aplicação de gestão da sinalização de conteúdos na Internet, desenvolvida pela Europol, ajudará a assegurar a coordenação com os Estados-Membros, reduzindo assim o risco de duplicação. Para contrariar o efeito «jogo das toupeiras», a Comissão espera que a base de dados de impressões numéricas, desenvolvida pelas próprias empresas, ajude a evitar o recarregamento dos conteúdos terroristas e a sua difusão. Neste contexto, a Europol disponibilizou, no âmbito do Fórum, o seu apoio para assegurar a otimização desta ferramenta.

A IRU da UE (unidade de sinalização de conteúdos na Internet) utiliza um procedimento de desconflitualização que permite aos Estados-Membros ter uma palavra a dizer sobre os conteúdos sinalizados pela IRU da UE às empresas, evitando assim os eventuais efeitos negativos das sinalizações e subsequentes remoções suscetíveis de comprometer as investigações. Por outro lado, a IRU da UE está a centrar a sua atenção na propaganda em linha que os terroristas pretendem utilizar para atrair o maior número possível de seguidores. A comunicação clandestina individualizada tende a acontecer numa fase posterior do processo. Se estes métodos de prevenção se tornarem plenamente eficazes, a longo prazo poderá assistir-se a uma diminuição da carga de trabalho dos parceiros operacionais, na medida em que haveria menos investigações.

As ações acima referidas estão em consonância com o plano de ação do Fórum da UE sobre a Internet, acordado em julho de 2017; as ações incluem ainda disposições em matéria de comunicação de informações com base numa série de indicadores. A recomendação da Comissão sobre conteúdos ilegais em linha baseia-se nos progressos alcançados no âmbito do Fórum da UE sobre a Internet e prevê disposições em matéria de comunicação das informações.

36

A Comissão incumbiu o centro de excelência da RSR de elaborar um relatório sobre a eficácia das suas ações. Por força do contrato-quadro, o centro de excelência da RSR deve informar nos seus relatórios intercalares trimestrais e, em especial, nos relatórios intercalares anuais de que forma as suas ações contribuem para a realização dos objetivos estratégicos fixados. Desde 2017, os relatórios intercalares anuais contêm, por conseguinte, uma avaliação deste tipo para cada tarefa. Estes relatórios não listam «apenas atividades». Além disso, a RSR realiza inquéritos (ainda que não o faça de forma sistemática), em especial em relação a alguns eventos (importantes).

Além disso, a Comissão avalia em conjunto com os membros do comité de direção do centro de excelência da RSR os progressos, os desafios e as possibilidades de melhoria com base numa avaliação do trabalho do centro de excelência da RSR (por exemplo, em termos de sensibilização das partes interessadas pertinentes e margem para melhorar a difusão e a transferibilidade dos ensinamentos). As reuniões do comité de direção realizam-se numa base trimestral.

Conclusões e Recomendações

40

Desde 2017, no âmbito da task force da União de Segurança e do seu subgrupo específico sobre a radicalização, a Comissão melhorou a sua visão de conjunto das ações financiadas e é capaz de identificar as sinergias entre os diferentes fundos e ações.

Recomendação 1

A Comissão aceita a recomendação 1. No âmbito dos trabalhos do subgrupo específico sobre a radicalização da task force da União de Segurança foi elaborada uma primeira visão global das possibilidades de financiamento e dos projetos que está a ser utilizada pelos serviços para identificar sinergias e partilhar conhecimentos e experiências pertinentes.

Recomendação 2

A Comissão aceita a recomendação 2. A Comissão gostaria de salientar que uma das conclusões do HLCEG-R é a necessidade de um diálogo mais estreito com os Estados-Membros, o que já está a ser seguido com medidas concretas (já estão previstos para 2018 vários eventos sobre as políticas e as práticas entre os decisores políticos e os profissionais).

41

Os objetivos da política da Comissão em matéria de prevenção e de combate à radicalização figuram nos documentos estratégicos pertinentes. Estes são necessariamente de natureza mais geral, figurando os objetivos mais específicos nas iniciativas pertinentes.

Ver as respostas da Comissão aos pontos 29 e 30.

42

A Comissão sublinha que os projetos e iniciativas individuais são avaliados e os seus resultados são registados. Tais elementos são incluídos na avaliação geral dos fundos e programas. A Comissão reconhece, contudo, que o impacto a longo prazo destas ações não é medido de forma sistemática.

Ver as respostas da Comissão aos pontos 32 a 36.

Recomendação 3

A Comissão aceita a recomendação 3.

Glossário

Coordenador da luta antiterrorista: Coordena os trabalhos do Conselho da UE no combate ao terrorismo e garante que a UE tem um papel ativo na luta contra o terrorismo

Eurojust: Agência da UE para o apoio e reforço da coordenação e cooperação entre os Estados-Membros na investigação e julgamento de casos graves de criminalidade organizada e terrorismo a nível transfronteiriço

Europol: Agência da UE para a cooperação policial, que se destina a apoiar os Estados-Membros na prevenção e combate a todas as formas graves de criminalidade organizada e terrorismo a nível internacional

Fórum Internet da UE: Iniciativa da Comissão para envolver as empresas de Internet no combate à propaganda terrorista

Fundo para a Segurança Interna – Polícia: A componente “Polícia” do Fundo para a Segurança Interna (2014-2020) contribui para assegurar um elevado nível de segurança na UE, financiando ações geridas diretamente pela Comissão e outras geridas pelos Estados-Membros através de programas nacionais

IMPACT: Projeto destinado a desenvolver um conjunto de instrumentos para a avaliação de iniciativas de luta contra a radicalização

Propaganda terrorista: Propagação de uma visão do mundo particularmente extremista que leva a que as pessoas tenham em consideração a violência e a justifiquem

Radicalização: Fenómeno que consiste na adesão de pessoas a ideologias e comportamentos extremistas que as podem levar à prática de atos terroristas

Rede de Sensibilização para a Radicalização (RSR): Rede a nível da UE que estabelece a ligação entre profissionais com vista à partilha de ideias, conhecimentos e experiências sobre a prevenção e combate à radicalização que leva ao extremismo violento e ao terrorismo

Rede Europeia de Comunicações Estratégicas: Rede de peritos dos Estados-Membros da UE para a partilha de boas práticas em matéria de comunicações estratégicas

Reintegração: Processo que visa ajudar a reintegrar antigos terroristas na sociedade

STRESAVIORA: Projeto que visa promover sociedades inclusivas e resilientes

Unidade de Sinalização de Conteúdos na Internet da UE (IRU da UE): A IRU da UE, que opera na Europol, visa combater o recrutamento de terroristas e a radicalização online através da sinalização de conteúdos terroristas na Internet e de alertas aos fornecedores de serviços que os hospedam

VOX-Pol: Projeto que visa criar uma rede de atividades de investigação sobre o extremismo online com vista à elaboração de objetivos estratégicos mais bem informados a nível nacional, europeu e internacional

Notas

1 O artigo 4.º, n.º 2, do Tratado da União Europeia determina que a segurança nacional continua a ser da exclusiva responsabilidade de cada Estado-Membro.

2 O artigo 67.º do Tratado sobre o Funcionamento da União Europeia estabelece que a União deve envidar esforços para garantir um elevado nível de segurança. Os artigos 82.º a 89.º dispõem em matéria de cooperação policial e judiciária.

3 Estratégia Antiterrorista da União Europeia, 30 de novembro de 2005, 14469/4/05, aprovada em 15 de dezembro de 2005.

4 COM(2015) 185 final de 28 de abril de 2015, “Agenda Europeia para a Segurança”.

5 Por exemplo, a Diretiva (UE) 2017/541 do Parlamento Europeu e do Conselho, de 15 de março de 2017, relativa à luta contra o terrorismo (JO L 88 de 31.3.2017, p. 6).

6 A European Agenda on Security. State of Play: June 2017.

7 COM(2005) 313 final de 21 de setembro de 2005, “Recrutamento de terroristas: análise dos fatores que contribuem para a radicalização violenta“; COM(2013) 941 final, de 15 de janeiro de 2014, “Prevenir a radicalização que leva ao terrorismo e ao extremismo violento: reforçar a resposta da UE“; COM(2016) 379 final de 14 de junho de 2016, “Apoio à prevenção da radicalização que conduz ao extremismo violento”.

8 Esta abordagem é reforçada pela Estratégia de Segurança Interna de 2010 e pela Agenda Europeia para a Segurança de 2015.

9 A Rede Europeia de Comunicações Estratégicas evoluiu a partir da Equipa Consultiva de Comunicação Estratégica para a Síria (SSCAT).

10 O IMPACT Europe (método e procedimento inovadores para avaliar as técnicas de combate à radicalização violenta na Europa) visou desenvolver um conjunto de instrumentos para avaliar as iniciativas de luta contra a radicalização.

11 Por exemplo, através de relatórios mensais, desde outubro de 2016, sobre os progressos na criação de uma União da Segurança genuína e eficaz, bem como da avaliação exaustiva da política de segurança da UE, publicada em julho de 2017.

12 O projeto VOX-Pol visa criar uma rede de atividades de investigação sobre o extremismo online com vista à elaboração de objetivos estratégicos mais bem informados a nível nacional, europeu e internacional.

13 Esta constatação é corroborada pelo inquérito realizado pelo TCE, em que 8 dos 13 inquiridos (62%) que expressaram a sua opinião a este respeito consideraram que a abordagem da RSR poderia acrescentar mais valor.

14 O ISEC (Prevenir e combater a criminalidade) fez parte do programa-quadro “Segurança e proteção das liberdades” (2007-2013), que precedeu o “Fundo para a Segurança Interna – Polícia” (2014-2020).

15 Ver, por exemplo, a resolução do Parlamento Europeu, de 25 de novembro de 2015, sobre a prevenção da radicalização e do recrutamento de cidadãos europeus por organizações terroristas.

16 SWD(2017) 278, de 26 de julho de 2017, Comprehensive Assessment of EU Security Policy.

17 COM(2014) 365 final, de 20 de junho de 2014, “Relatório final sobre a execução da Estratégia de Segurança Interna da UE 2010-2014”.

18 FIRST LINE, LIAISE II e SAFFRON.

19 Relatório narrativo e financeiro sobre as atividades e realizações do projeto, elaborado no final do mesmo pelo beneficiário do financiamento da UE.

20 A unidade de combate ao terrorismo do Reino Unido para a sinalização de conteúdos na Internet fá-lo para cerca de 100 000 itens por ano.

 

1 Convite 2017-ISFP-AG-RAD

Etapa Data
Adoção do PGA / Início da auditoria 25.10.2016
Envio oficial do projeto de relatório à Comissão (ou outra entidade auditada) 8.2.2018
Adoção do relatório final após o procedimento contraditório 20.3.2018
Receção das respostas oficiais da Comissão (ou de outra entidade auditada) em todas as línguas 25.4.2018

Equipa de auditoria

Os relatórios especiais do Tribunal de Contas Europeu (TCE) apresentam os resultados das suas auditorias relativas às políticas e programas da UE ou a temas relacionados com a gestão de domínios orçamentais específicos. O TCE seleciona e concebe estas tarefas de auditoria de forma a obter o máximo impacto, tendo em consideração os riscos relativos aos resultados ou à conformidade, o nível de receita ou de despesa envolvido, os desenvolvimentos futuros e o interesse político e público.

A presente auditoria de resultados foi realizada pela Câmara de Auditoria V, responsável pela auditoria do financiamento e administração da UE, presidida pelo Membro do TCE Lazaros S. Lazarou. A auditoria foi efetuada sob a responsabilidade de Jan Gregor, Membro do TCE, com a colaboração de Werner Vlasselaer, chefe de gabinete; Bernard Moya, assessor de gabinete; Alejandro Ballester Gallardo, responsável principal; Mark Marshall, responsável de tarefa; e Alexandre-Kim Hugé e Pascale Pucheux-Lallemand, auditores.

Da esquerda para a direita: Werner Vlasselaer, Alejandro Ballester Gallardo, Mark Marshall, Bernard Moya, Pascale Pucheux-Lallemand e Jan Gregor

Contacto

TRIBUNAL DE CONTAS EUROPEU
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PDF ISBN 978-92-872-9945-1 ISSN 1977-5822 doi:10.2865/245834 QJ-AB-18-010-PT-N
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